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Foto: Luna literária |
O conto da Aia
MARGARET ATWOOD
368 páginas
Distopia
Editora Rocco
Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano.
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Já imaginou ter sua vida ceifada? De uma hora para
outra toda a sociedade na qual você conhece desmorona e uma nova, distópica,
totalitária e fundamentalista cristão-militar surge. Isso é Gilead.
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Com o intuito de aumentar os índices de natalidade e
retomar o que chamam de "velhos costumes", os Estados Unidos foram
aniquilados. Nesta nova realidade, as mulheres perderam a voz, foram rebaixadas
devido ao seu gênero e transformadas em máquinas de reprodução.
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Agora uma nova identidade cultural foi imposta pelo
governo e elas divididas em classes, cada qual com suas funções. As Aias são as
reprodutoras; as Marthas, empregadas domésticas; as esposas, donas de casa e
acompanhantes do marido; as tias como professoras que auxiliam na educação; e
as não mulheres são as pobres, prostitutas, doentes ou que não se encaixam em
nenhuma das castas acima descritas.
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Ao longo dos capítulos conhecemos diversos
personagens, mas a narrativa fica por conta de Offred e é a partir do ponto de
vista dela que vamos conhecendo esta nova república. Ela é uma Aia, o que
significa que uma vez ao mês, em seu período fértil, a garota é submetida a uma
cerimônia na qual é estuprada pelo comandante com a participação da esposa, tudo
isso em nome de um bem maior, e regado às regras do velho testamento bíblico,
gerar crianças para as famílias dos comendadores.
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Offred, que tem o nome derivado de seu mestre – De
Fred, em português – é livre apenas dentro dos próprios pensamentos, onde traz
as lembranças de uma vida passada, mas não esquecida, quando era casada, mãe,
com uma própria identidade e um nome: June.
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A única saída para a protagonista é seguir as regras
de Gilead na esperança de que um dia a sociedade ao seu redor acorde e ela
possa, finalmente, se ver livre deste pesadelo.
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Margaret Atwood é incrível! Palavras não são
suficientes para descrever essa história e sinto que é preciso ler, ou assistir
a série, para entender o que ali se passa. A autora escreve cada palavra com emoção,
sentimento e profundidade. Ela te toma por inteiro.
O Conto da Aia reune muitos dos medos que nós mulheres
possuímos. É impossível não ficar com o estomago embrulhado ou chorar em algum
momento ao longo dessas páginas. Eu te desafio a não imaginar como seria
possível essa realidade chegar até nós.
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Finalizo essa resenha aqui e te convido a ler essa
incrível obra.
* Essa resenha contém trechos do meu tcc "A
REPRESENTAÇÃO DO FEMININO NA SÉRIE THE HANDMAID’S TALE SOB O OLHAR DA TEORIA
CULTURAL" *
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