3096 dias, de Natascha Kampusch

Foto: Luna literária

3096 dias
NATASCHA KUMPUSCH
225 páginas
Não ficçaõ & Biografia
Editora Verus
Onde comprar? Amazon
Avaliação: 5🌟’s

Natascha Kampusch sofreu o destino mais terrível que poderia ocorrer a uma criança: em 2 de março de 1998, aos 10 anos, foi sequestrada a caminho da escola. O sequestrador - o engenheiro de telecomunicações Wolfgang Priklopil, a manteve prisioneira em um cativeiro no porão durante 3.096 dias. Nesse período, ela foi submetida a todo tipo de abuso físico e psicológico e precisou encontrar forças dentro de si para não se entregar ao desespero.

2 de março de 1998. A manhã já havia começado diferente, ainda nas primeiras horas uma briga entre mãe e filha aconteceu. O desejo de ir caminhando sozinha até a escola há muito rondava e naquela fatídica segunda-feira a jovem Natascha Kampusch decidiu sair sem ao menos avisar. A escola ficava poucas quadras de distância da casa, ainda no mesmo bairro, e por isso não deveria ter problema.

Naquele dia a garota vestia um vestido xadrez, a roupa escolhida pela mãe ainda no dia anterior. Natascha se perguntou inúmeras vezes como e porque chamou a atenção daquele homem. Teria sido a roupa? Há poucas ruas de distância do lugar que chamava de casa, Wolfgang Priklopil, um engenheiro de telecomunicações, agarrou a jovem e a jogou dentro de uma van. Aquela seria a última vez em que ela veria a vizinhança por muitos anos.

3096 dias. Mais de oito anos vivendo em um buraco no subterrâneo. Separada do mundo por uma porta gigante de concreto, um corredor minúsculo, um porão, uma casa e um homem. Dias e mais dias de abusos físicos, psicológicos, humilhações, maus tratos, surras, tortura e fome.

Semanas sem saber se ainda procuravam por ela. Onde estão os policiais? Desistiram tão facilmente assim da jovem criança? Não. Na verdade eles até foram na casa do sequestrador, investigaram, conversaram com Wolfgang, mas como é comum em casos como esses, erros e mais erros aconteceram e Natascha perdeu a infância.

“Eu nunca soube por que ele me sequestrou. Até hoje é difícil lidar com o fato de que perdi minha adolescência apenas em razão do capricho e da doença mental de um homem”.

É compreensível que após oito longos anos, onde o único contato era o próprio sequestrador, que a garota tenha desenvolvido por ele certa gratidão, afinal, era ele quem a alimentava e ensinava. A sobrevivência e o pouco de conforto dependiam disso. Mesmo assim, ela garante que confundir tal sentimento com a síndrome de Estocolmo é um erro gravíssimo e pede encarecidamente que não o façam.

Escrito pela Natascha Kampusch e com apoio das jornalistas Corinna Milborn e Heike Gronemeier, o livro é rico em detalhes, desde o antes do sequestro, todos os anos de cativeiro, até o pós liberdade e adaptação da garota. Adianto que muitos trechos podem revirar o estomago até mesmo dos leitores mais fortes e fazer brotarem lágrimas aos olhos dos mais insensíveis.

Leitura recomendada para quem curte o gênero de não ficção, para os estudantes de jornalismo voltados para o tema de jornalismo literário e também para os mais curiosos.

“Eu era uma criança e estava só. E, havia apenas uma pessoa que podia me tirar daquela solidão opressiva – a mesma que criara aquela solidão para mim”.

E ai, você ficou curioso com essa leitura? Já conhecia a história da Natascha Kampusch? Aceito indicações de livros desse tipo. Beijos e até o próximo post!

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