Tartarugas até lá embaixo, de John Green

Após seis anos sem uma nova história, milhões de livros vendidos, duas adaptações para o cinema e uma legião de fãs, John Green está de volta com um livro fresquinho. "Tartarugas até lá embaixo" é a mais nova obra do autor dos inesquecíveis Hazel e Gus, de "A culpa é das estrelas".

“Mas eu estava começando a entender que a vida é uma história que contam sobre nós, não uma história que escolhemos contar. A gente acha que é o pintor, mas é a tela”.

Título: Tartarugas até lá embaixo
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Páginas: 256
Gênero: Young Adult
Avaliação
*Livro lido em E-book

O ponto de partida da história é quando duas amigas, Aza, também conhecida como Holmes, e Daisy resolvem ir atrás de uma recompensa. Mas, para isso elas precisam encontrar alguma pista que as leve até o bilionário Russell Davis Pickett, que está desaparecido após investigações o apontarem como corrupto.

Juntando a vontade de ganhar uma bolada em dólares ao fato de que Holmes conhece o filho do ricaço, ambas arquitetam um plano para conseguir aproximar-se do garoto e assim talvez esbarrar em alguma pista.

Pensando nesse aspecto, parece que as meninas são totalmente interesseiras, mas ao longo das páginas fica fácil perceber que não é bem assim. A verdade é que nada é o que parece e convenhamos, nem o título faz muito sentido, pois não entrega absolutamente nada.

Mas aqui entre nós, vou dizer a minha opinião sobre esse YA: não é sobre romance, muito menos o mistério por trás do desaparecimento de um homem rico ou a volta de um então amigo de infância. O enredo gira em torno da doença de Aza, que é o transtorno obsessivo compulsivo, mais conhecido como TOC, e como a jovem lida com todo o exterior, as amizades e até mesmo a família.

Mesmo o foco principal sendo a mente da personagem principal, isso não significa que outros papéis não tenham destaque. Daisy, a melhor amiga é divertida, escreve fanfics de Stars Wars e está sempre ali, ao lado. Mesmo assim, com todos esses fatores, ela me irritou em alguns momentos. É nos apresentado uma amizade forte, de anos, recheada de companheirismo. Mas, como a vida real, desentendimentos acontecem, coisas não ditas são despejadas da maneira errada e você leitor está ali no meio, sem saber o lado que deve tomar.

A família também está muito presente, assim como nos outros livros do autor. A mãe de Holmes, que é professora, faz questão de conversar com a filha diariamente, não só em casa, mas também nos intervalos do almoço na escola. Quer a todo o momento saber como está Aza, se a ansiedade deu uma brecha ou está tomando os remédios. Quer ter certeza que tudo está bem.

Outro personagem que merece o devido destaque é Davis, o filho do homem desaparecido. É evidente a dor que o garoto sente pelo pai ter fugido na calada da noite, por ele nunca ter dado a devida atenção e acima de tudo ter que assumir a responsabilidade do irmão mais novo, Noah.

Um dos pontos positivos de qualquer obra do autor John Green é a maneira como ele é capaz de traduzir os sentimentos mais complexos, e ao mesmo tempo complicados, em palavras. Digo isso também em relação a doenças, que é um dos enredos fortemente destacados nas páginas.

É doloroso estar acompanhando a história, pois isso significa estar passando por toda angustia que a doença traz para a personagem principal. Além disso, lembrar que o escritor possui a mesma doença e deve sentir boa parte do que ali foi escrito, é simplesmente triste.

Mesmo com todas essas ótimas situações o livro não me ganhou completamente. Fiquei com a sensação que alguns fatos foram repetitivos e esperei o tempo todo o mais, que nunca chegou.

Porém, quero ressaltar que a escrita do John Green continua incrível e a mensagem nas entrelinhas é muito bacana. Não devemos banalizar os problemas das pessoas. Depressão, toc e outras doenças da mente são sérias e devem receber a devida atenção.

Indico a obra para todos aqueles que desejam uma leitura leve e para quem gostou dos outros livros do autor publicados até então. Espero que este seja uma ótima leitura para todos.


Agora me conte aqui nos comentários, ficou curioso com a leitura?

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