Resenha: Sejamos todos feministas, de Chimamanda Ngozi Adichie

Foto: Luna literária


Sejamos todos feministas
CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE
64 páginas
Sociologia & Autobiografia
Companhia das letras

O que significa ser feminista no século XXI? Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres? Eis as questões que estão no cerne de Sejamos todos feministas, ensaio da premiada autora de Americanah e Meio sol amarelo. "A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente." Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente da primeira vez em que a chamaram de feminista. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. "Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!’". Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e - em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são "anti-africanas", que odeiam homens e maquiagem - começou a se intitular uma "feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens". Neste ensaio agudo, sagaz e revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito de modo que as meninas não anulem mais sua personalidade para ser como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres para crescer sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.

"Se uma humanidade inteira de mulheres não faz parte da nossa cultura, então temos que mudar nossa cultura". Inicio esta resenha perguntando: o que esta declaração desperta em você?

Será que há alguma cultura que desvaloriza a mulher? Há alguma região neste mundo em que as mulheres não tem voz e muito menos direitos? É possível que algumas delas vivam com medo e tenham seus sonhos interrompidos por conta do machismo?

A resposta nós já sabemos.

Chimamanda Ngozi Adichie nos instiga a pensar em por que o feminismo é tão essencial nos dias de hoje. Ela nos mostra por meio de suas próprias experiências como os valores da nossa sociedade ainda estão invertidos. E, como, infelizmente, as pessoas vem tratando o feminismo como um tipo de terrorismo, o que na verdade, não é.

Ao longo das 64 páginas a autora nigeriana nos dá uma aula do porque precisamos ser todos feministas. Ela explica como o mundo seria um lugar muito melhor, principalmente para as nossas crianças, se pudéssemos ter igualdade de gênero.

Esteriótipos como "homem não chora" ou "mulher foi feita pra casar" não existiriam mais. Afinal, convenhamos, todos temos sentimentos e ao contrário do que muitos ainda pensam, não há problema algum nisso; Lugar de mulher? Fala sério, é onde bem ela entender, casando e com filhos, viajando o mundo ou focando anos e mais anos em uma linda carreira.

"Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas do gênero".

Esse é um daqueles livros que são necessários e que o único defeito é acabar rápido demais. Pode ter certeza, assim que você iniciar a leitura, mal vai perceber e já vi ter virado a última página. Vale muito a pena ler e, se não tiver essa oportunidade, indico a assistir o discurso da autora no qual esta obra foi baseada:


E ai, agora chegou a vez de vocês me contarem, já conheciam essa obra? Quem por aqui já teve a oportunidade de lê-la?

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